Debruçar-se sobre o próprio ofício constitui um exercício exigente e por vezes árduo quando feito pelos historiadores e Diogo Roiz tem todos os méritos por ter construído há tempos uma trajetória significativa nessa direção. Com este trabalho sobre a trajetória da escrita da História e do seu ensino na atual Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), o leitor é guiado em um percurso historiográfico de grande relevância e rica contribuição para a compreensão do regime de cátedras vigente na instituição entre 1934 e 1968.
Para o autor, o surgimento da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas ocorreu não apenas em função do contexto da derrota pelas armas da reação paulista à perda de hegemonia política em 1932, como é comumente justificada sua fundação, mas também decorreu de um processo de modernização da sociedade brasileira pós-1930, em plena era Vargas.
É esse enfoque que autoriza o autor analisar a carreira universitária no regime de cátedras como majoritariamente masculina e apresentar os dados que permitem ao leitor discernir como contrapartida dessa sociabilidade formadora do reduto feminino, a expansão do ensino secundário que abria as portas para a formação de professoras, as quais surgem na pesquisa como alunas dos catedráticos.
Baseado em uma pesquisa com fontes pouco exploradas, o livro de Diogo Roiz contribui para ampliar as discussões nessa área de trabalho.
Teresa Maria Malatian
UNESP
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Sobre o autor: Diogo da Silva Roiz é Professor na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), nos cursos de Pedagogia e de Ciências Sociais. Em 2020, publicou o livro Para ser historiador no Brasil pela Alameda Editorial.