Tensões sociais e cultura libertária no Brasil (1901-1935)
O anticlericalismo enquanto concepção teórica e prática de oposição à dominação clerical foi cultivado de início nas sociedades contemporâneas europeias – especialmente em regiões de grande projeção católica –, mas que sem demora, encontrou solo fértil, para a sua propagação também no Brasil. Nesse sentido, a obra de Cleber Rudy propõe investigar o anticlericalismo (com ênfase na sua versão mais radical, defendida pelos anarquistas), assim como o conteúdo do discurso anticlerical difundido na imprensa e na literatura que, no início do século XX, circulou e foi produzida no Brasil.
A pesquisa que ora se apresenta ao leitor é marcada pela originalidade da exploração de um tema ainda pouco investigado e das copiosas fontes do anticlericalismo, muitas das quais foram por muito tempo ignoradas. O “indiferentismo historiográfico” acerca do assunto, conforme a expressão acertada do próprio autor, confere a este livro o lugar que ele merece na produção acadêmica brasileira: um trabalho incomparável. Longe de ser uma hipérbole – figura de linguagem, aliás, tão ao gosto dos clerófobos analisados por Rudy –, o caráter único do livro é uma constatação. Não há até o momento desta publicação nenhum estudo que tenha mobilizado tão vasta literatura internacional sobre o anticlericalismo, investigado uma gama tão extraordinária e variada de documentos, examinado a amplitude e a circularidade do fenômeno no tempo e no espaço com tamanha avidez e apresentado uma síntese histórica com tal riqueza de detalhes e profundidade analítica.
Fernando Teixeira da Silva
Departamento de História da Unicamp
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Sobre o autor: Cleber Rudy é doutor em História Social pela UNICAMP e autor de Culturas da Contestação: anarquistas e anticlericais em Santa Catarina, 1900-1940 (Achiamé, 2010). Atualmente é professor na rede pública de ensino em Santa Catarina.