Em sua obra, Paulo Teixeira Iumatti reflete de modo profundo e original sobre os usos do Marco como tópica e como gênero da cantoria e da literatura de folhetos brasileira entre 1870 e 1930.
A obra de Paulo Iumatti, Professor Titular da Universidade Sorbonne Nouvelle (Paris 3), é a primeira síntese de uma década de estudos do cordel. O livro encontra-se na pré-venda em nosso site, confira aqui.
A escolha desse período permite flagrar como nefastas heranças do escravismo ganham forma naquele momento de grande transformação do país. A originalidade da obra se deve em grande medida à identificação do Marco como espaço privilegiado para se compreender as acirradas disputas pela memória na sociedade à época, sobretudo pelo fato de o Marco mobilizar conceitos estruturantes para a sociedade escravista, como domínio, território, propriedade e liberdade.
Outra grande contribuição da obra é a discussão acerca dos Marcos e desafios de autores afrodescendentes praticamente desconhecidos, notadamente Severino Perigo e Joaquim Sem Fim, cujas obras sobreviveram em versões registradas por folcloristas como Leonardo Mota e Francisco das Chagas Batista. Em sua aguda reflexão Paulo Teixeira Iumatti não perde de vista em momento algum as tensões que atravessam as relações folclorista/informante, nem tampouco a multiplicidade de práticas de ordem objetiva e subjetiva ali envolvidas.
Álvaro Silveira Faleiros
Professor de Letras Modernas – USP
Sobre o autor: Paulo Teixeira Iumatti possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1993), doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (2001), pós-doutorado (2003) e Livre-Docência (2010) pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP (área de História). De 2003 a 2019, foi Professor do IEB-USP; em 2019, assumiu o posto de Professor Titular (Professeur des Universités) da Universidade Sorbonne Nouvelle (Paris 3) – onde é atualmente co-responsável pelo programa de Mestrado em estudos lusófonos e co-diretor do Centre de Recherches sur les Pays Lusophones (CREPAL).